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Rodrigo Magalhães mergulha nas dores invisíveis em “Divã”

  • macetemusic
  • 18 de ago.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de ago.

Por Juan Nobre, da Macete Music, para o Vivendo de Shows.

Foto: Instagram
Foto: Instagram

No álbum "Divã", Rodrigo Magalhães convida o ouvinte a entrar em um território delicado: a mente de um personagem profundamente marcado por crises, traumas, vícios e contradições. Longe de suavizar ou romantizar a dor, o cantor e compositor constrói um trabalho em que a palavra é o centro de tudo. Melodia, harmonia e produção foram moldadas a partir do que era dito nas letras.


Para Rodrigo, falar de saúde mental foi quase inevitável. “Nos últimos anos fiquei tão imerso em meus transtornos mentais, que falar dessas coisas foi relativamente natural”, conta. A maior dificuldade, segundo ele, foi transformar essas emoções em algo poético, que pudesse transmitir tanto o peso quanto a complexidade dessas experiências.

“Falar de saúde mental requer um pouco de estômago, pois estaremos diante não apenas de nossas crises, mas também do nosso eu narcísico, das nossas contradições e do mal que verdadeiramente causamos.”
Capa do álbum
Capa do álbum

O processo de criação deixou marcas. “Depois dessa experiência eu não sei se vou conseguir tornar meu processo de produção leve. Nunca revisei tantas vezes uma única música (imagine sete)”, revela. Mais do que encontrar rimas ou melodias interessantes, "Divã" exigiu uma entrega visceral: “Quando terminei de escrever todos os textos e os vi na ordem das faixas, precisei ter a coragem de olhar pra dentro e dizer: ‘É… dessa vez não será um álbum agradável de ouvir.’”


A busca pelo equilíbrio entre a dureza das letras e a beleza dos arranjos foi outro desafio. Rodrigo admite não saber se chegou a esse ponto: “As letras foram o carro-chefe de tudo. Melodia, harmonia e produção instrumental vieram a partir do que estava sendo dito. Abri mão da minha vaidade de arranjador para transformar o álbum mais em uma sensação do que apenas música.”


A recepção do público, ainda que restrita, surpreendeu. Alguns ouvintes se reconheceram no personagem e sentiram-se menos sozinhos; outros, foram levados a lugares desconfortáveis, como quem presencia momentos íntimos e desconcertantes. “Gosto muito dessa percepção também”, afirma. “A ideia era mostrar um personagem quebrado, tentando romper a clausura diante do seu terapeuta, seja ele literal ou metafórico.”


Quando perguntado sobre que mensagem deixaria para quem enfrenta dilemas parecidos, Rodrigo é direto: “Se pensar em replicar certas ações do personagem de Divã, busque um acolhimento seguro. Há pessoas — dentre amigos e médicos — que acreditam na nossa existência. Um gato também é um ótimo curandeiro, viu?”


Com "Divã", Rodrigo Magalhães entrega não apenas um álbum, mas um espelho — e a coragem de encarar o que se vê nele.


Divã, já está disponível em todas as plataformas de áudio.



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