Estivemos na audição de “Cabeça a Mil e o Corpo Lento” — e aqui vai um spoiler
- Vivendo de Shows
- há 7 horas
- 3 min de leitura
por Letícia Pinheiro, fundadora do Vivendo de Shows

Casa cheia para a audição do novo álbum de Alberto Continentino! Cercado de amigos, família e profissionais da música no Brota, em Botafogo, Rio de Janeiro, o clima era íntimo, celebrativo, e ao mesmo tempo curioso: o disco passeia por diversas atmosferas e reúne colaborações de peso, revelando um artista em plena expansão criativa.
Quem é Alberto Continentino?
Baixista, compositor e produtor carioca, Alberto já tocou com nomes como Gilberto Gil, Ed Motta, Caetano Veloso e Adriana Calcanhotto. É um nome reconhecido nos bastidores da música brasileira contemporânea, conhecido por seu groove elegante e por uma sensibilidade apurada nas produções. Agora, ele chega com um novo álbum autoral que traduz essa experiência toda em uma viagem sonora múltipla, rica e muito bem amarrada.

Faixa a faixa:
O OVO DO SOL
O disco abre suave, com um clima lo-fi delicado. A bateria e o baixo moldam um contorno quase hipnótico, como uma espiral sonora. A voz vem sussurrada, criando uma atmosfera de intimidade e calma.
CORAL (com Dora Morelenbaum)
A voz etérea de Dora se encaixa perfeitamente ao baixo mais marcado e à percussão eletrônica, que dá o tom da faixa. É envolvente e sensorial — difícil não se deixar levar.
MILKY WAY (com Letícia Pedrosa)
Por enquanto, a favorita. A faixa em inglês tem um groove psicodélico, com synths que lembram Tame Impala e refrão chiclete. O final instrumental é um deleite à parte, daqueles que a gente quer que dure mais.
CERNE
Claro! Aqui está a faixa “cerne” organizada com o texto sobre as vanguardas paulistanas, fazendo a correlação de forma fluida e contextualizada dentro da resenha:
MANJAR DE LUZ (com Ana Frango Elétrico)
Com clima romântico-transcendental, a faixa traz um sax gostoso no meio e a voz de Ana Frango Elétrico que encaixa lindamente. É sensível, doce e moderna ao mesmo tempo.
GO GET YOUR FIX (com Gabriela Riley)
A faixa mais mantrada do álbum. Uma viagem mística, com vocais hipnóticos. Se a cabeça vai a mil, aqui o corpo quase se desprende.
UMA VERDADE BEM CONTADA (com Nina Miranda)
A segunda favorita minha. Dançante, com um toque pop moderno sem perder a elegância do groove brasileiro. Nina adiciona um charme à faixa.
FALSE IDOL (com Silvia Machete)
Com letra em inglês e uma pegada de bossa nova moderna, a faixa tem Silvia Machete nos vocais — vencedora do Prêmio Multishow de Música Brasileira e presença forte em várias cenas artísticas do país. Uma ponte perfeita entre o clássico e o contemporâneo.
A PALAVRA RIO
Os metais entram em cena numa vibe mais dançante. É como uma retomada da energia, um fluxo contínuo que carrega o ouvinte.
NEGRUME
Como o nome já sugere (negrume = escuridão, ausência de luz), é uma faixa mais introspectiva. Melancólica e profunda, deixa espaço para silêncios e sutilezas.
VIEUX SOUVENIR (com Nina Becker)
Cantada em francês, mas com groove bem brasileiro, tem cara de trilha sonora de novela sofisticada. É chique, é charmosa — e funciona como uma bela mistura de mundos.
MADRUGADA SILENTE
A despedida do álbum é acústica, silenciosa e seca. Fecha o disco de forma contida, porém afetuosa, como quem apaga a luz com cuidado ao sair.
Lançamento e show
O álbum “Cabeça a Mil e o Corpo Lento” chega nas plataformas no dia 17 de julho, e no dia 7 de agosto Alberto Continentino se apresenta no Rio de Janeiro, prometendo trazer esse universo múltiplo e delicado ao palco.
Vanguardas Paulistanas*
As vanguardas paulistanas foram um movimento artístico-musical que surgiu em São Paulo entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980. Seus artistas buscavam romper com os formatos tradicionais da MPB, apostando em misturas de gêneros, experimentações sonoras e letras mais abstratas, poéticas ou bem-humoradas.
Entre os principais nomes estão Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Grupo Rumo, Vânia Bastos e Tetê Espíndola. A estética era marcada por elementos do dodecafonismo, jazz, samba, rock e música erudita — resultando numa sonoridade ousada e à frente de seu tempo.
“Cerne” conversa com esse legado de forma sensível: não tem medo do estranho, da troca de texturas e de sugerir caminhos inusitados para o ouvido. É onde o experimental pulsa sem perder a delicadeza, fazendo jus à herança dessas vanguardas que até hoje inspiram quem ousa sair da curva.
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