top of page

A Lona que Habito: Circo Voador fecha por um mês para troca de pele e alma

  • Foto do escritor: Vivendo de Shows
    Vivendo de Shows
  • 4 de ago.
  • 3 min de leitura

por Letícia Pinheiro, editora-chefe do Vivendo de Shows


Equipe do Circo Voador se despede da lona | Créditos: Michelle Castilho
Equipe do Circo Voador se despede da lona | Créditos: Michelle Castilho

O Circo Voador, um dos palcos mais emblemáticos da cena cultural brasileira, ficará de portas fechadas entre os dias 20 de julho e 20 de agosto. O motivo? A troca da sua famosa lona, que durante mais de duas décadas cobriu o calor, a chuva e os sentimentos de milhares de shows, encontros e revoluções afetivas.

Sob a estrutura que paira no coração da Lapa, 2.902 shows, 116 festivais e mais de 40 oficinas aconteceram desde que a lona atual foi erguida, em 2003. Gente de todo tipo passou por ali: artistas consagrados, promessas independentes, movimentos sociais e tribos urbanas que se encontraram sob o mesmo teto – ou melhor, sob a mesma lona.

De nave alemã a abrigo francês

A lona que agora se despede é de origem alemã, sendo escolhida à época por sua resistência e qualidade acústica. Já a nova lona, que assume o comando da nave, vem da França — país referência em tecnologia têxtil para estruturas culturais e circenses.

Curiosidade: a primeira lona do Circo Voador, ainda nos anos 80, foi instalada ali com ajuda de artistas independentes e movimentos alternativos cariocas. Nos anos de repressão e efervescência cultural, ela serviu tanto de abrigo para a arte quanto de trincheira para a liberdade de expressão.

Um palco que pulsa história

Inaugurado oficialmente em 1982, o Circo Voador já foi desmontado, desautorizado e resistiu bravamente à gentrificação cultural que engoliu tantos outros espaços.

Créditos: PressReader
Créditos: PressReader


Créditos: Diário do Rio
Créditos: Diário do Rio

Reabriu em 2004 após forte pressão popular, provando que o Rio (e o Brasil) ainda pulsa arte pelas veias abertas da cidade.

	Créditos: Guia Cultural do Rio de Janeiro
Créditos: Guia Cultural do Rio de Janeiro

Ali já pisaram de Gil a Planet Hemp, de Cássia Eller a Criolo, de Metallica a Baco Exu do Blues, misturando ritmos, ideias e tribos com a liberdade que só um lugar como o Circo consegue proporcionar. Fato curioso? Foi no Circo que Raul Seixas gravou o lendário documentário “O Início, o Fim e o Meio”, que eterniza um de seus shows mais icônicos.

Mais do que lona, luz, corpo e alma

Além da nova cobertura, o Circo vai ganhar um upgrade na iluminação: a cenografia luminosa agora será assinada por Juarez Farinon, referência nacional no design de luz para espetáculos musicais e teatrais. A ideia é manter o astral onírico do espaço, mas com mais possibilidades criativas para os artistas que ocupam o palco.

Trocar de lona é como trocar de pele”, diz o texto de despedida da equipe. E não poderia haver metáfora melhor para um lugar que se reinventa a cada geração, sem perder sua essência: abrir espaço para a diferença, o afeto e a celebração da vida pela arte.

Djonga no Circo Voador. Créditos: Patricia Burlamaqui
Djonga no Circo Voador. Créditos: Patricia Burlamaqui


De volta em agosto — e de alma nova

O Circo Voador retorna às atividades no dia 20 de agosto, com programação renovada e o mesmo compromisso de sempre: ser abrigo para os benditos e os malditos, os hits e os manifestos, o groove e o grito.

E como diria Gil, "a fé não costuma faiá". A nova lona que vem aí promete seguir voando — firme, bela e aberta — para quem quiser sonhar junto.

Comentários


bottom of page