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Resenha: O Teatro Mágico e a arte de continuar

  • Foto do escritor: Vivendo de Shows
    Vivendo de Shows
  • há 3 horas
  • 2 min de leitura

por Anthony Freitas para o Vivendo de Shows


Foto: divulgação
Foto: divulgação

(Turnê O Reencontro – Qualistage, 24/10. Escrita no dia 25 de outubro de 2025).


Ontem (24), o tempo parou dentro do Qualistage. Ou talvez apenas tenha se rendido à fantasia... O espetáculo “O Reencontro”, da turnê de 22 anos d’O Teatro Mágico, , foi mais que uma apresentação — foi um rito de memória e resistência estética que mostrou que ainda há palcos onde o riso, a crítica e a ternura podem coexistir.


Antes mesmo da primeira nota, já havia poesia: o pai de Fernando Anitelli finalizava a maquiagem do filho no centro do palco, num gesto comovente, simples e simbólico — o palhaço nascendo diante dos olhos do público, pintado pelas mãos que o criaram.

A abertura com “Tudo numa coisa só” definiu o tom da noite: riso, lágrima, protesto e afeto em perfeita desordem. O Teatro Mágico, afinal, não faz show — cria reinos.


De “Pratododia” a “Cidadão de Papelão”, passando por “O Poeta Pena” e “Ana e o Mar”, cada canção foi espelho e manifesto, poesia e crítica social.


Entre canções, Anitelli alternava reflexões políticas e piadas com naturalidade. Falou de desigualdade, da crueldade da escala 6x1, dos muros e fronteiras que o poder insiste em erguer. Sem precisar citar nomes, incendiou consciências. O público respondeu com um coro espontâneo: “Sem anistia!”


A trupe — formada por músicos, bailarinos e trapezistas — revisitou clássicos como “Ana e o Mar”, “O Mérito e o Monstro”, “Fé Solúvel” e “Amanhã Será”, sempre com humor, poesia e afeto.


Com Andréa Babour, bailarina e esposa, o amor virou cena: entre trocas de instrumentos e olhares, ele brincava — “Se eu não fosse casado com ela...” — e o público gargalhava.


Houve tempo para improvisos geniais: o momento em que o público delirou ao ver o palhaço apenas bebendo água (“Vai sair no jornal!”, ele brincou), a resposta imediata ao grito de “Toca Raul!” com “Pluct Plact Zum”, e o piano que prometia uma canção inédita com “Frederico” — até que os primeiros acordes revelaram o deboche:

“Mammaaaa…” Freddie Mercury, Live Aid, Queen. A plateia entendeu a piada e respondeu à altura — até transformar o piano em coro de estádio e o riso coletivo se transformou no hino do Flamengo.


Tudo era magia e humanidade. Após “Camarada D’Água”, ele ameaçou ir embora e o público se recusou a sair. O teatro inteiro gritou: “Eu, não vou emboraaa!”


A trupe voltou, improvisando no ritmo da multidão.


O encerramento, com “Anjo Mais Velho”, foi um pacto: “Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você.”


O Qualistage respirou junto. Porque, no fim das contas, o Teatro Mágico continua sendo o que sempre foi: um convite a resistir com poesia e talvez ser eessência, como eles cantam, seja isso mesmo: continuar trapezista, mesmo depois da queda.)

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