Deftones inaugura era “private music” com "my mind is a mountain"
- Vivendo de Shows
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por Letícia Pinheiro, editora-chefe do Vivendo de Shows

Deftones, uma das bandas mais reverenciadas da música pesada contemporânea, acaba de anunciar seu aguardado 10º álbum de estúdio, intitulado “private music”, com lançamento previsto para o dia 22 de agosto de 2025, via Reprise/Warner Records. No Brasil, o disco será distribuído pela Warner Music Brasil. Para marcar essa nova fase, o grupo lançou o single “my mind is a mountain”.
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Gravado entre Malibu, Joshua Tree e Nashville, “private music” foi co-produzido pelo já conhecido colaborador Nick Raskulinecz (responsável por Diamond Eyes e Koi No Yokan) e deve trazer Deftones no auge de sua maturidade criativa. O que pode resultar em um disco introspectivo, denso e imersivo, que expande os limites entre o metal alternativo, o shoegaze e o experimental.
Um single hipnótico que reafirma a singularidade do Deftones
Em “my mind is a mountain”, o Deftones mergulha em atmosferas sufocantes e etéreas ao mesmo tempo. A canção funciona como uma espécie de mantra urbano: pesada sem ser barulhenta, emocional sem ser óbvia, guiada pela voz melancólica e fantasmagórica de Chino Moreno, em contraste com os riffs densos de Stephen Carpenter e a ambientação climática criada por Frank Delgado.
Com “private music”, podemos esperar que Deftones se recuse a buscar relevância por tendências passageiras. Em vez disso, refina sua própria linguagem — algo entre o apocalipse e a catarse, reafirmando seu status como uma das bandas mais influentes do rock moderno.

No início deste ano, o Deftones iniciou sua primeira turnê como atração principal na América do Norte desde 2022, produzida pela Live Nation — e ela se mostrou a maior e mais bem-sucedida da carreira da banda até agora. Eles tiveram lotação esgotada em uma extensa turnê por arenas, incluindo casas lendárias como o Madison Square Garden em Nova York. A próxima etapa da turnê começa no dia 22 de agosto, na Rogers Arena, em Vancouver (BC), e segue por arenas no Canadá e Estados Unidos.
Os shows terão como atrações de abertura as bandas Phantogram e IDLES em datas selecionadas. A banda The Barbarians of California abrirá todos os shows. Na etapa europeia, contará com as participações das bandas denzel curry e drug church.

Papo intimista sobre o processo criativo do novo álbum
Para anunciar a chegada do tão aguardado “private music”, o Deftones escolheu um cenário emblemático: o clássico Canter’s Deli, em Hollywood. Foi lá que Chino Moreno, Stephen Carpenter, Abe Cunningham e Frank Delgado se reuniram com Zane Lowe, da para uma entrevista intimista e reveladora.
No bate-papo, a banda reflete sobre a jornada até aqui, fala sobre o processo criativo do novo disco, comenta os desafios enfrentados nos últimos anos e compartilha memórias marcantes. O tom é descontraído, mas carregado de significado, como se eles soubessem que “private music” representa algo além de apenas mais um disco: é um retorno maduro, contemplativo e emocionalmente carregado.
Os posts que antecederam o lançamento de “my mind is a mountain” já anunciavam, de forma sutil e eficaz, a atmosfera dark, contemplativa e emocional que envolve a nova fase do Deftones. As redes sociais da banda foram tomadas por uma estética enigmática: fotos em preto e branco, imagens borradas ou desfocadas, intercaladas por frases soltas da canção, quase como fragmentos de pensamentos. O conteúdo gerou grande expectativa entre os fãs, que mergulharam em teorias e aumentaram ainda mais a ansiedade pelo novo material.
O single “my mind is a mountain”, apresentado durante a entrevista e lançado nas plataformas de streaming simultaneamente, marca com precisão o tom do novo álbum: introspectivo, denso e hipnótico. Produzida em parceria com Nick Raskulinecz, a faixa combina a fúria contida das guitarras com camadas eletrônicas e uma performance vocal vulnerável de Chino Moreno, traduzindo em som aquilo que o título do disco sugere: música que parece privada, íntima, quase confessional.
A música carrega uma carga emocional profunda e reflexiva. Segundo análises feitas por fãs nas redes sociais, a canção parece explorar a tensão entre vontade e limitação mental, entre o impulso de ascender e o peso de carregar o próprio mundo nos ombros.
A letra pode ser lida como uma meditação sobre a ideia de que somos aquilo que escolhemos ser — mesmo em contextos negativos. Chino Moreno, com sua voz etérea e dolorosamente presente, canta como quem adverte: é preciso reconhecer os padrões internos de sofrimento antes que seja tarde demais, antes que nos tornemos prisioneiros de nós mesmos, vítimas do que ele sugere como um destino mental inescapável.
Alguns fãs interpretam a faixa como uma metáfora para o conceito de “Mind over Matter” — a crença de que a mente pode superar as barreiras impostas pela realidade. A montanha que Chino menciona não é apenas simbólica: ela representa o esforço constante de superar, escalar, resistir e, ao mesmo tempo, não se perder no processo. O desejo de atingir o topo — o auge emocional, artístico ou espiritual — é real, mas ele exige paciência, preparo e uma consciência clara do caminho trilhado.
Nesse sentido, a faixa soa quase como uma autoafirmação, mas também como um alerta: não se perca a caminho do topo. A própria trajetória do Deftones, marcada por reinvenção e superação, parece ecoar esse dilema — o de subir sem se deixar consumir pela altitude emocional.
“my mind is a mountain” é uma canção que sabe o que está por vir, mas, também não deixa de ser um manifesto sobre não esquecer quem você é enquanto escala a própria mente.
O lançamento reforça algo que os fãs já sabiam: o Deftones não é uma banda que lança álbuns para se manter relevante — eles lançam álbuns porque têm algo a dizer. E "private music" tem muito a dizer.
Tracklist de “private music”:
my mind is a mountain
locked club
ecdysis
infinite source
souvenir
cXz
i think about you all the time
milk of the madonna
cut hands
~metal dream
departing the body
Da explosão alternativa ao posto de referência
O Deftones surgiu no fim dos anos 1980 em Sacramento (Califórnia) e lançou seu primeiro disco, Adrenaline, em 1995. O sucesso veio com Around the Fur (1997) e foi consolidado com o icônico White Pony (2000), vencedor do GRAMMY pela Melhor atuação de Metal com a canção "Elite" em 2001, vencendo das consagradas bandas Iron Maiden, Marilyn Manson, Pantera e Slipknot. É considerado um marco do rock experimental dos anos 2000.
Desde então, a banda trilhou uma carreira marcada por riscos criativos e evolução constante — misturando peso, sensibilidade, tensão/tesão (também) e beleza em doses iguais, em discos que se tornaram referência tanto para o metal quanto para o indie alternativo.
Discografia de estúdio:
Adrenaline (1995)
Around the Fur (1997)
White Pony (2000)
Deftones (2003)
Saturday Night Wrist (2006)
Diamond Eyes (2010)
Koi No Yokan (2012)
Gore (2016)
Ohms (2020)
private music (2025)
O grupo também acaba de conquistar novas certificações da RIAA, reconhecendo importantes marcos de vendas recentes. “White Pony” agora é certificado 2x Platina, “Diamond Eyes” é Platina, e os singles de destaque “Change (In The House of Flies)” e “Be Quiet and Drive” receberam, respectivamente, 4x Platina e 2x Platina.
No Brasil: uma relação de longa data com os fãs
Deftones veio ao Brasil quatro vezes. Eles se apresentaram no país em 2001, 2007, 2009 e 2015. Em 2015, a banda tocou no Rock in Rio e também fez um show extra em São Paulo.
A banda sempre demonstra carinho especial pela plateia brasileira, e há grande expectativa para que incluam o país na turnê de private music.
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