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Arrecadação de direitos autorais musicais cresce 7,6% e gera € 11,7 Bi em 2023

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    Vivendo de Shows
  • 24 de out. de 2024
  • 6 min de leitura
Relatório da Cisac destaca expansão global, com Brasil registrando aumento de 23,5% nas receitas de direitos musicais

A arrecadação global de direitos autorais musicais atingiu € 11,7 bilhões em 2023, representando um aumento de 7,6% em relação ao ano anterior, segundo o novo Relatório de Arrecadação Global divulgado pela Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores (Cisac). No Brasil, o crescimento foi ainda mais expressivo, com um salto de 23,5%, consolidando o país na 12ª posição entre os maiores mercados mundiais de música.



O digital se destacou como principal fonte de receitas para a indústria musical, com um aumento de 9,6%, gerando € 4,53 bilhões. O relatório também apontou uma alta significativa na arrecadação de eventos ao vivo, que subiu 21,8%, e na sincronização, que cresceu impressionantes 44,4%.


Na América Latina, a arrecadação em todos os repertórios — que incluem, além da música, audiovisual, literatura e artes visuais — avançou 29,2%, o maior crescimento entre todas as regiões do mundo. No total, foram arrecadados € 13,09 bilhões globalmente, evidenciando a relevância do setor.


O presidente da Cisac, Björn Ulvaeus, ressaltou a importância de enfrentar os desafios trazidos pela inteligência artificial (IA), que começa a impactar o cenário criativo. Ele defendeu a inovação tecnológica, mas com a preservação dos direitos autorais dos criadores.


No Brasil, a arrecadação musical totalizou € 224 milhões (R$ 1,375 bilhão), liderando o mercado latino-americano. No entanto, ao somar os segmentos de audiovisual, literatura e artes visuais, o México ultrapassou o Brasil, arrecadando € 226 milhões.


Entre os muitos destaques positivos mundialmente, a música experimentou crescimentos nos seguintes segmentos de arrecadação de direitos autorais:

  • Digital: +9,6%, com € 4,53 bilhões arrecadados

  • Ao vivo e música de fundo (usuários gerais): +21,8%, com € 3,063 bilhões arrecadados

  • Sincronização: +44,4%, com € 52 milhões gerados

  • Mídias físicas (CD, DVD): +6%, com € 380 milhões gerados

Entre os segmentos que tiveram queda está TV & Rádio. Esse segmento vem perdendo espaço para o digital por apresentar crescimentos menores. Em 2023, houve queda 5,3%, depois de uma alta de mais de 10% no ano anterior. A arrecadação total, porém, ainda foi muito significativa: € 3,375 bilhões. 

O crescimento da arrecadação de direitos de execução pública musicais desde 2019. Reprodução Relatório Cisac

 

Para além desse dado, o salto de quase um bilhão de euros (coisa de R$ 6 bilhões) na arrecadação de direitos de execução pública musical, de um ano para outro, é uma excelente notícia. 


“Há muitas boas notícias nestas páginas. As arrecadações pelas sociedades membros da Cisac estão crescendo de maneira saudável; as organizações de gestão coletiva estão atendendo seus membros de forma mais eficiente, especialmente no mercado digital; e o sistema global de gestão coletiva, apesar dos muitos desafios que enfrenta, está provando seu valor duradouro para os criadores que representa”, disse Björn Ulvaeus, presidente da Cisac, citando o grande desafio do mercado hoje: “A IA está transformando nosso cenário, e o seu impacto ainda é desconhecido. Ferramentas de IA generativa estão produzindo conteúdos que são baseados nas obras dos criadores humanos e, às vezes, correm o risco de substituí-los. Sempre acreditei que só podemos abraçar novas tecnologias, e não tentar impedi-las – mas há uma ressalva sólida: isso nunca deve ocorrer às custas de comprometer os direitos autorais e os direitos humanos.”


 Os 50 maiores mercados de execução pública de música, com valores totais em milhões de euros, percentual de crescimento e participação global. Reprodução Relatório Cisac


Presidente do Conselho de Administração da Cisac, e diretor-executivo da UBC, Marcelo Castello Branco também cita a IA e seus desafios no relatório. 


“A revolução que a IA está propondo freneticamente exigirá ações e reações que definirão nosso futuro ecossistema criativo de maneiras que não podemos prever. À medida que chegamos ao final do primeiro quarto deste século, haverá mais perguntas do que respostas. No entanto, o que é indiscutível é que a propriedade intelectual nunca esteve tão no centro de nossa existência”, afirmou Castello Branco. 


Ele também lembrou a importância de exigir mais transparência às plataformas de streaming no que se refere aos pagamentos aos titulares de direitos. 


“Uma necessidade crítica para nossa comunidade deve ser a melhoria da transparência em nossos mercados. Por exemplo, é claro que os modelos de precificação das plataformas digitais são difíceis de acompanhar e complicados de explicar. As muitas discussões sobre seus algoritmos permanecem sem resolução. À medida que essas plataformas amadurecem, devemos exigir mais transparência e responsabilidade, em vez de simplesmente esperar que a escalabilidade resolva os desafios da remuneração justa”, descreveu o executivo, que celebrou o crescimento de 114,6% nas receitas globais de todos os repertórios latino-americanas nos últimos dois anos. 


Igualmente otimista foi o olhar lançado por Gadi Oron, diretor-geral da Cisac, sobre o conjunto dos dados trazidos nesta nova edição do relatório anual. Apesar dos desafios da IA, da necessidade de melhores pagamentos no streaming e das quedas em segmentos importantes como TV & Digital, o panorama à frente é promissor, com todas as regiões e a maior parte dos repertórios apresentando crescimentos e boas possibilidades de uma expansão sustentada. 


“Este relatório oferece uma visão única do valor econômico e cultural da nossa comunidade global da Cisac. Apesar dos desafios que enfrentamos, estou otimista em relação ao nosso futuro. As arrecadações estão crescendo em todos os setores e em todas as regiões, sedimentando a força de nossas sociedades e do sistema de gestão coletiva”, ele conclui. 

Os 50 maiores mercados de execução pública de música, com valores totais em milhões de euros, percentual de crescimento e participação global. Reprodução Relatório Cisac

 

LEIA MAIS: Na íntegra, o texto de Marcelo Castello Branco para o relatório 


Este Relatório Global de Arrecadação da Cisac 2024 mostra um bem-sucedido desempenho da rede global da Cisac, e devemos reservar um momento para celebrar nossas conquistas. No entanto, é essencial que elevemos ainda mais nossas ambições. Precisamos rejeitar firmemente a ideia de que a criação — seja na música, audiovisual, artes visuais, literatura ou teatro — é meramente uma mercadoria ou uma ferramenta na economia da atenção. 

Nosso ambiente de mercado está cheio de incertezas e, embora nos orgulhemos do crescimento atual, nossa prioridade agora precisa ser o crescimento sustentável a longo prazo para garantir os meios de subsistência dos criadores que representamos. Isso levanta questões críticas que, com a ajuda da Cisac, nossas sociedades precisam abordar. 


Como podemos garantir o crescimento a longo prazo do conteúdo criativo? Como podemos nos adaptar sem comprometer os valores que orgulhosamente defendemos para os mais de 5 milhões de criadores em todo o mundo? Como podemos impulsionar o crescimento global, ao mesmo tempo em que promovemos as culturas locais e o intercâmbio cultural? Como as Organizações de Gestão Coletiva (OGCs) podem navegar nas complexidades das tomadas de decisão que impactam os meios de subsistência e a sustentabilidade dos criadores? Com o aumento das fusões e aquisições que afetam nosso setor, e fundos privados multinacionais com recursos financeiros aparentemente ilimitados, como podemos orientar nossos membros com conhecimento, fatos e percepções, garantindo que estejam cientes tanto dos riscos quanto das oportunidades? 


Uma necessidade vital para nossa comunidade é a melhoria da transparência em nossos mercados. Por exemplo, é claro que os modelos de precificação das plataformas digitais são difíceis de seguir e complicados de explicar. As muitas discussões sobre seus algoritmos permanecem sem solução. À medida que essas plataformas amadurecem, devemos exigir mais transparência e responsabilidade, em vez de simplesmente esperar que a escalabilidade resolva os desafios da remuneração justa. 


Também precisamos olhar incansavelmente para o futuro. Como sociedades que gerenciam repertórios diversos, não devemos subestimar a importância de fontes alternativas de arrecadação, que atualmente estão ofuscadas pelo crescimento digital. A história provou que a dependência excessiva de uma única fonte de renda pode ser arriscada. Promover a diversificação e aprimorar todas as vias de arrecadação — algo evidenciado pelo notável crescimento de 22% nos shows e apresentações ao vivo — é crucial para garantir que exploremos e cobremos totalmente o uso dos repertórios dos nossos criadores. 


Outro destaque importante deste relatório é a expansão da América Latina, mostrando um crescimento impressionante de 114,6% nos últimos dois anos. O que mais podemos fazer para garantir que a região da Ásia-Pacífico mantenha seu impulso de crescimento e que a África aumente suas arrecadações de maneira condizente com a riqueza de sua cultura e seu potencial? 


A revolução que a IA está propondo freneticamente exigirá ações e reações que definirão nosso futuro ecossistema criativo de maneiras que não podemos prever. 


À medida que chegamos ao fim do primeiro quarto deste século, haverá mais perguntas do que respostas. No entanto, o que é indiscutível é que a propriedade intelectual nunca esteve tão no centro de nossa existência. 


Incentivo a todos a olharem além dos números e trabalharem coletivamente para melhor servir nossos membros e apoiar o fluxo de suas criações.


Marcelo Castello Branco, presidente do conselho da Cisac, destacou a importância de exigir maior transparência das plataformas de streaming para garantir a remuneração justa dos criadores, além de apontar a necessidade de adaptação às novas tecnologias, sem comprometer os direitos dos artistas.


O relatório reflete um cenário de otimismo e crescimento sustentado para o setor criativo, mesmo diante dos desafios impostos pela IA e pelas mudanças no mercado digital.


 
 
 

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