Anna Suav faz show potente no WME e transforma raiva em poesia, resistência e cura
- macetemusic
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Por Juan Nobre, da Macete Music, para o Vivendo de Shows.

Na noite de encerramento do Women's Music Event, quem esteve presente viveu um momento raro: o encontro da fúria criativa com a delicadeza da cura. A artista paraense Anna Suav fez um show intenso, poético e político, daqueles que atravessam o público com versos precisos e presença imensa.
Misturando rap, poesia falada, beats que reverberam a Amazônia e letras cortantes, Anna encantou e provocou a plateia com um repertório que reflete sua vivência como mulher preta amazônida. Ela canta com o corpo todo, com o olhar firme e com palavras que não pedem licença — afirmam.
“Eu sou muito movida pela raiva, né? Porque ela é muito testada. E aí, ao longo do tempo, o que eu aprendi com a minha inteligência é organizar essa raiva e fazer dela algo produtivo. Assim nascem as maiorias das minhas composições”, contou a artista em entrevista após o show.
A raiva, segundo ela, não é só impulso — é também transformação. Suas canções são estratégias de sobrevivência, caminhos de afeto, formas de dizer que é maior do que a violência que a cerca. E esse poder de ressignificar tudo o que a atravessa ficou visível em cada segundo de sua apresentação.

Conectada com o território que a moldou, Anna falou com carinho da sua origem e da importância de reconhecer a diversidade dentro da própria negritude:
“Eu sou uma mulher negra da Amazônia e isso me diferencia das várias vivências do que é ser negro no Brasil. Então, eu sou muito influenciada pelo lugar de onde eu venho, na conexão de duas cidades, que são Manaus e Belém.”
Além de ressaltar a força das suas raízes, ela celebrou o encontro com outras artistas no evento e revelou o desejo de colaborar com nomes como Júlia Costa e MC Luana, que também estiveram no line-up do festival.

No palco e fora dele, Anna fala com firmeza sobre a responsabilidade do seu fazer artístico. Para ela, sua trajetória é também um instrumento para que outras meninas negras possam se ver, se curar e se construir de forma plena:
“Se por meio da minha arte eu puder fazer uma redução de danos e fazer com que meninas não passem pelo que eu passei, eu vou estar completamente realizada.”
Ao final da apresentação, ficou claro que o show não era só um show. Era um ato de resistência, um abraço coletivo e um manifesto em forma de música. Anna Suav foi a síntese perfeita do que o WME representa: uma plataforma onde mulheres potentes encontram espaço para transformar o mundo — a partir de si.
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